Vida na Gangorra
Ilustração: Jan Limpens. (https://limpens.com/portfolio/o-jogo-dos-tesouros-edelbra/gangorra/) |
O que é mais importante: a palavra ou a ação? O querer ou o fazer? O pensar ou o agir? Por muitas vezes tentei me dedicar a um desses lados em detrimento do outro. Era sempre assim: ou era um ou era o outro. Por quê?
Não sei. Mas, deveria ser diferente. Assistindo o filme "A chegada", onde se discute sobre como a linguagem influencia o modo de se pensar, refleti sobre a nossa forma de expressar essa dicotomia. Afinal, não existe (no português, pelo menos) uma palavra que consiga expressar bem o conceito do pensar/agir.
Por serem palavras diferentes, indicam etapas singulares, dissociadas uma da outra. Mas, de fato, a vida não funciona como mecanismos isolados e desconectados. Pelo contrário, vivemos num universo altamente interligado, onde o bater de asas de uma borboleta na Amazônia pode iniciar um tufão na Ásia. Claro, essa expressão não é real, apenas explica o conceito da teoria do caos.
Mas voltando ao tema, o que pretendo dizer é que não existe "pensar" sem "agir" e "agir" sem "pensar". Eles estão sempre conectados. É um ciclo fechado. Se você pensa, você age. Mesmo a não ação é uma forma de ação. Quando agimos, consequentemente, construímos uma forma de se pensar.
É como uma gangorra. Ela não funciona direito se a diferença de peso entre as duas pessoas é muito grande. O brinquedo ficaria parado. É preciso equilíbrio. Nem demais de um nem do outro. Assim é o pensar/agir.
Não devemos nos concentrar apenas no querer ou no falar. É preciso agir. Mas não podemos viver apenas de ações, é essencial refletir sobre elas. Como já dito, é um ciclo. Não é possível ser apenas um dos lados, tem que ser os dois ao mesmo tempo. Fé sem obras está morta.
Um pássaro só pode voar com as duas asas. Não existe, na realidade das aves que voam, asa mais importante ou preferida. As duas são vitais para elas. De forma similar, só nos construímos por meio de palavras/ações. Nada é isolado. Ou é os dois em conjunto ou não é nada.
Comentemos um erro ao dizer coisas do tipo: "ele amava, mas não agiu" ou "ele tinha fé, mas não teve obras". Não tem como o amor não gerar atitudes. Se não modifica algo, então é porque esse sentimento que a pessoa denominou de "amor" era outra coisa. Se a fé em algo ou em alguém não gerou ações, é porque, de fato, não existia fé, mas só um sentimento do qual entendiamos erroneamente que fosse ela. Vale destacar, porém, que existem fatores como medo, ansiedade ou depressão, os quais alteram a forma da mente pensar e, em resultado, as atitudes.
Então, cuidemos dos nossos pensamos, desejos, intenções e planos, pois deles construímos as nossas atitudes. Ao mesmo tempo, devemos cuidar de nossas atitudes, pois sem elas as palavras e intenções são apenas ilusões criadas em nossa mente para agradar nosso ego. Vivamos de pensamentos/ações.
De Alexandre Valério Ferreira
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