Sei lá

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De Alexandre Valério Ferreira

  - Sei lá...

  É dessa forma que respondi a uma pergunta clichê que me fizeram. Uma amiga deseja saber como eu estava. Bem, hoje eu não tenho uma expressão exata para definir o que estou sentindo. Então foi isso que eu disse: sei lá.

  Sei lá, disse isso sem nenhuma arrogância. Não quis ser mal educado e nem ofendê-la. Parece grosseiro, mas não foi. Na verdade, fui bastante sincero. Eu estava tão "sei lá". Tudo estava tão "coisado".

  Você já passou por isso? Aquele estranho momento no qual você não sabe se está feliz ou está triste? Se está animado ou descontente? Se tem disposição ou não? Parece uma névoa que oculta a verdadeira situação que habita em meu interior. Meu consciente parece ter pouca consciência do que está sentindo nessas ocasiões.

  É horrível estar sei lá. É como estar num navio sem velas ou sem rumo. Nada deixa a gente satisfeito. Tudo parece "coisado", errado ou certo. Sei lá. Como expressar isso? Com que termo poderia dizer o que estou sentindo agora?

  Talvez eu esteja me sentindo uma quarta-feira. Não sou nem a segunda-feira cansativa e tão odiada por muitos. Não sou também o tão esperando fim de semana (este também é confuso, pois afinal, o domingo é o primeiro dia da semana). Sou uma quarta-feira insatisfeita. Nem cansada nem feliz. Um meio termo indeciso e perdido. Hoje eu estou quarta-feira. E é que hoje é domingo!

  Sei lá! Tanto faz! Não ligo! Ou ligo? Estou com tanta vontade de não ligar que por esse fato estou me importando. Isso me lembra uma música do Legião Urbana. Mas, não quero ouvir música agora. Não quero sair. Também não quero ficar em caso. Quero fazer algo, mas sem fazer nada. Entende? 

  - Como assim?!

  - Sei lá...