A tempestade



  A tempestade estava viva. Cobria milhares de quilômetros ao horizonte. Ela me assustava. Ela também me atraía. Tão bela. Tão escura. Tão revigorante e tão destrutiva. Aquela tempestade era um paradoxo.
  Tão confuso fiquei que decidi ir, ir para ela. Sem medo, mas assustado. A dúvida latejava em minha garganta. Era difícil engoli-la. Ela me sufocava. Era uma tortura. Mesmo assim, decidir prosseguir. Não havia saída (ou teria alguma?).
  As gotas tocavam meu rosto. De repente, o horizonte ficou acinzentado e o chão começou a derreter. Continuei. A tempestade queria me assustar. Falou em alta voz. O tom era de assustar. Mas, não quero mais ter medo. Vou continuar.
  A tempestade não desistiu. Queria me ver parar. E lançou um pé d'água que praticamente tornou impossível ver o que estava a mais de 10 metros... Tive medo. Poderia bater. Mas ai deveria parar. Não quero mais parar.
  Ela ficou irritada. Seus pensamentos explodiam nos céus em fúria. Os estrondados tentavam me intimidar. Estavam cada vez mais frequentes. Aquela tempestade queria me destruir. Queria me derrotar.
  Quando terminei o percurso, o sol voltava a aparecer. Era o fim da batalha contra a tempestade. Mas, de repente, olhei para a floresta que me circulava. Olhei para as belas gotas que se formavam nas plantas e me encantei com o belo arco-íris que embelezava o céu azul. Que lindo!
  Foi ai que eu me toquei. Finalmente acordei para o que realmente aconteceu. A tempestade não estava batalhando contra mim. Ela não era a minha inimiga. O inimigo era outro. Era mais feroz e imprevisível. Essa criatura era eu.



Alexandre Valério Ferreira





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