O suino

Foto: autor.

  Pobre porco. Sentia pena dele. Criatura que vivia a procura de sujeira. Vivia na lama e comia de tudo que encontrasse. Não tinha preferencias, desde que fosse comida. Não tinha frescuras. Só pensava em comer e ponto final. Sua vida era simples e prática. Sua existência parecia ser tão simplória, sem objetivo. Afinal, animais não tem alvos, a não ser se alimentar e reproduzir a espécie.
  Pobre porco. Comia de tudo que achava. Só pensava em comer mais e mais. Olhava apenas para o chão, fuçando tudo que parecesse comestível. Seus dias eram todos iguais. Acordava e percorria as ruas e regos a procura de alimento. Comia restos que os moradores deixavam a sua disposição. Nesta cidade, eles pareciam não ter dono nem moradia. Andavam de forma aparentemente aleatória pelas ruas, perdidos a procura do cheiro que atraia seu olfato.
  Pobre porco. Como conseguia de tanta sujeira, de tanto resto de comida, produzir uma carne tão suculenta?  Quem não gosta de bacon? Quem não gosta de bisteca de porco? Até para os de dieta, é uma tentação cruel. Difícil é resistir. Irônico é que essas criaturas monótonas e que comem de tudo se tornam comida para muitos seres humanos que tem vida monótona e que comem de tudo.


Alexandre Valério Ferreira



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