Arrumando o Quarto
De Alexandre Valério Ferreira
Livros, revistas, xerox, folhetos, artigos, papeis, desenhos, rascunhos, panfletos, manuais, camisas, meias, sapatos, fotografias, provas velhas, conta de luz, carregadores de celular, pastas, enfim, tudo. Tudo estava ali:
perdido...
jogadodesorganizado perdidos
desconectados ali
acolá aqui não sei onde
era tudo assim mas
eu entendia a desordem qual o
problema
algo contra bagunça?
deixa
ela tá ali quieta pra que mudar?
mas
tudo muda
não é verdade? talvez
precisava conectar
sentidos e coisas
objeto e lugar
tudo no seu devido lugar
e onde era seu devido lugar?!
Eu sei lá!!!
Ali?
Na gaveta?
No guarda-roupas?
No chão?
Quantas perguntas
Cadê as respostas?
Mas era necessário arrumar. Eu passei dos limites. Tudo tem limite, não é? E, por razões diversas, esperamos a agir apenas quanto esse tal fator aparece no horizonte. Estranho, não acha? Preguiça? Provavelmente, sim.
Sem mais demora, arrumei tudo. Coloquei as coisas nos seus devidos lugares. Acessíveis, organizados, ordenados. Estava tudo limpo. Varri o quarto. Limpei o banheiro.
Que luta! Enfim, acabei. Encontrei tanta coisa perdida. Se bem que nunca achamos o que não está perdido, ou achamos? As vezes, nem imaginávamos que tínhamos perdido, quando algo é encontrado. Vida louca.
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